quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Casa Arrumada


                                

 Casa arrumada- Carlos Drumond de Andrade

Adaptado em cordel

Arrume a casa todos os dias
De um jeito que sobre tempo para nela viver
Um lugar limpo com espaço livre
Para de tudo nela acontecer

Tem que ser uma bela casa
E não centro cirúrgico ou cenário de novela
Prefiro uma casa onde eu bato o olho
E percebo logo vida nela

Tem gente que gasta muito tempo
Limpando e esterilizando os moveis e as almofadas
Casa muito limpa é sinônimo de tristeza
Mostra que as pessoas não são muito amadas

Casa com vida pra mim
É aquela que os livros saem da prateleira
Os enfeites brincam de trocar de lugar
Tenha festa e muita brincadeira

Casa com vida o fogão é gasto pelo uso
As refeições são fartas e todos estão em volta da mesa
Nela é só alegria e pura nostalgia
Onde ninguém sabe onde mora a tristeza

Casa que tem sofá sem mancha
Tapete sem fio puxado
Mesa sem marca de copos
E um lugar desanimado

E se o piso não tem arranhão
É porque ali ninguém dança
Tá na cara que casa sem festa
Onde não tem animais nem criança

Casa com vida pra mim
Tem banheiro com vapor perfumado
Tem gaveta de entulho onde guarda os barbantes
Passaporte e velas de aniversários

É aquela em que a gente entra nela e se sente bem vinda
Está sempre pronta para amigos, netos e vizinhos
A qualquer dia e qualquer hora
Que a gente nunca se sente sozinho

E nos quartos se possível ter lençóis revirados
Por gente que brinca ou namora a qualquer hora
Arrume a casa todos os dias
Não tenha pressa sem demora

Arrume a casa todos os dias
De um jeito que lhe sobre tempo para sonhar
Pois sua casa é um dos bens mais precioso
E reconhecer nela seu lugar

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